O Coronavírus e os acidentes de trânsito

Em dezembro de 2019 o mundo foi apresentado a um novo vírus que ataca o sistema respiratório, o coronavírus, descoberto em Wuhan, uma cidade chinesa de 11 milhões de habitantes. A proliferação do vírus levou uma boa parcela da sua população a internação e, em alguns casos, ao óbito. Até o dia 23 de março, mais 81 mil casos tinham sido confirmados e 3.270 mortes ocorreram.

Tedros Adhanom, diretor geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), declarou em 11 de março que a organização elevou o estado da contaminação à pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), após a sua disseminação em outros países.

Imediatamente as nações passaram a agir elaborando novas legislações, promovendo ações para melhorar os serviços de atendimento médico para melhor recepcionar e cuidar dos pacientes portadores do vírus, determinaram ainda o isolamento social da população por quarentenas, tudo isso para prevenir a disseminação do vírus nas cidades.

No Brasil tivemos o primeiro caso em 26 de fevereiro de 2020, em São Paulo com um homem infectado de 61 anos. Hoje, passado um mês após o primeiro caso, contabilizamos 2.433 casos confirmados e 57 mortes em dados oficiais divulgados pelo Ministério da Saúde. 

Na Itália, um dos países com maior número de infectados, o Ministério de Saúde registrou ao menos 7.503 mortes por Covid-19 e mais de 57,5 mil casos confirmados do início da epidemia até o dia 25 de março.

Todas as medidas adotadas e ainda em adoção no mundo são necessárias e importantes para salvar vidas, mas precisamos dosar a sua aplicação, com segurança, para que os seus reflexos na economia não nos tragam no futuro tempos piores e amargos.

Acidentes de trânsito

Gostaria de focar agora e fazer um contraponto dos números acima com as estatísticas de trânsito pelo mundo e no Brasil. Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, no mundo morrem por ano 1,35 milhões de pessoas em acidentes no trânsito.

No Brasil, segundo o Conselho Federal de Medicina – CFM, são 5 mortes a cada 1 hora em acidentes de trânsito, ou seja aproximadamente 120 mortes por dia, que remetem a 3.600 mortes no mês. Somos o quinto país do mundo com maior número de vítimas de acidentes de trânsito.

Fora o número de mutilados e sequelados que segundo estatísticas do DPVAT representam aproximadamente 300.000 pessoas indenizadas a cada ano por invalidez permanente.

Números infinitamente maiores que as piores projeções para o coronavírus no Brasil e no Mundo, que conta com perspectivas de ciclo de validade, a exemplo do que aconteceu na China com a sua estabilização quatro meses após o seu surgimento no país. 

Controlar o movimento de pessoas, testar a população e isolar os infectados foram as soluções encontradas pelos chineses.

Os casos suspeitos são avaliados e testados em áreas separadas nos hospitais. Os infectados graves são hospitalizados e todos os demais ficam em observação, mas não em casa, porque os chineses descobriram que uma pessoa infectada, mesmo sem sintomas, mas em isolamento domiciliar, estava espalhando o vírus para o resto da família. Lá, quase 80% das transmissões aconteceram dentro de casa, entre grupos familiares.

O Mundo precisa acordar agora para a pandemia que está acontecendo no trânsito, nossos mortos, mutilados e os incapacitados pedem atenção e paz. 

Será que o combate ao novo coronavírus, que une nações e povos, não pode ser exemplo de unidade em torno de um propósito? Será que não podemos tomar ações efetivas e proativas na busca pela diminuição de acidentes de trânsito? Será que vamos continuar apenas promovendo campanhas e fixando décadas para diminuição dos acidentes de trânsito, sem ações reais e palpáveis no caminho de uma solução definitiva?

Confesso que hoje, adotando todos os cuidados necessários e seguindo as orientações dos órgãos de saúde, corro menos riscos de contrair o coronavírus do que ser vítima de um acidente de trânsito, seja como condutor ou pedestre, nas vias do nosso país.

Inclusive poderemos averiguar que o isolamento social, determinará um forte impacto na redução dos acidentes de trânsito, demonstrando que ainda temos muito a melhorar em comportamento e convivência para um trânsito mais seguro e muito mais humano.

Acorda Brasil. Vamos salvar vidas.

João Eduardo Moraes de Melo

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